Bancarização Empresarial: Empresas querem ser banco e financiar suas operações de crédito

Ronaldo Oliveira

18/12/2021

imagem Bancarização Empresarial: Empresas querem ser banco e financiar suas operações de crédito

Conforme os mercados tornam-se mais competitivos, as empresas precisam buscar soluções cada vez mais robustas para melhorar seu desempenho e, assim, preservar seu espaço ou conquistar novas fatias. Uma das tendências mais recentes nessa busca por melhoria do desempenho é a bancarização empresarial.

A bancarização empresarial abre portas para que as empresas façam mais vendas, acessem novas fontes de receita e, ainda, mantenham o passo com players maiores do mercado. Por isso, embora essa tendência tenha começado com as empresas de grande porte, ela vem se estendendo aos negócios menores. Um fator crucial para essa disseminação é o CAAS – Credit as a Service.

Se você ainda não está familiarizado com a bancarização empresarial, esse artigo vai esclarecer tudo que você precisa saber sobre o assunto. Acompanhe até o final para entender o que é bancarização empresarial, como ela beneficia as empresas e como é possível implementá-la.

O que é bancarização empresarial 

A bancarização empresarial é um processo de constituição de uma infraestrutura de instituição financeira dentro das empresas. Assim, elas são capazes de financiar as operações de crédito de seu ecossistema, entre outras atividades tipicamente desenvolvidas por um banco ou outra instituição tradicional.

Existem vários exemplos de grandes empresas que vêm implementando esse processo com sucesso, especialmente no setor de varejo. É o caso da Via (dona de redes como Casas Bahia e Ponto Frio) e do Mercado Livre

Porém, a tendência não se limita a esse setor. Na indústria de bebidas, a Ambev é um outro caso de sucesso de bancarização empresarial. Até mesmo empresas de serviços, como no setor de educação ou de fornecimento de softwares, podem acompanhar esse movimento. 

É importante observar que, durante muito tempo, as restrições regulatórias foram um fator limitante para a bancarização empresarial. Afinal, as atividades do mercado financeiro estão entre as mais fortemente reguladas no país, e somente empresas de maior porte tinham o capital necessário para construir uma infraestrutura capaz de atender às exigências.

No entanto, isso está mudando. Os principais órgãos reguladores, Banco Central e CVM, estão engajados no avanço de uma agenda de modernização que torna essa tendência viável para empresas de todos os portes. 

Uma das soluções que essa modernização das regulações já autoriza – desde que respeitando certos parâmetros – é a terceirização da infraestrutura. Vamos falar mais sobre isso nos próximos tópicos.

Como a bancarização empresarial melhora o desempenho do negócio

A bancarização empresarial pode ser considerada uma iniciativa de razoável complexidade. Isso causa dúvidas sobre a necessidade e os benefícios de investir nessa tendência, especialmente para empresas cujo volume de faturamento anual ainda está na casa de um, ou até dois, dígitos de milhão. 

No entanto, a bancarização pode beneficiar empresas de menor porte e, inclusive, ser o impulso que falta para alavancá-las a um novo patamar de faturamento. Vamos entender melhor como isso é possível.

Aumento do potencial de vendas e de faturamento

Normalmente, uma empresa depende de uma instituição financeira tradicional, como um banco, para realizar suas operações de venda a prazo. 

No entanto, quando chega o momento de analisar o perfil de risco de um cliente para determinar a oferta de crédito, o banco não é necessariamente o melhor avaliador. Ele pode acabar recusando crédito ou fazendo ofertas limitadas, devido puramente à falta de informações. Isso restringe o potencial de vendas e de faturamento.

Quem tem mais informações sobre o cliente é a própria empresa, pois já existe entre eles um histórico de relacionamento e de pagamentos. Logo, ela consegue fazer uma avaliação mais eficiente do que o banco e evitar a perda de boas oportunidades de vendas. 

Infelizmente, enquanto a empresa depende da infraestrutura do banco, ela não tem flexibilidade em relação à análise de crédito. Esse controle das aprovações ou reprovações fica nas mãos do banco, já que é ele que assume o risco.

Por outro lado, contando com uma infraestrutura de instituição financeira, é possível trazer as operações de venda a crédito e, consequentemente, a análise de crédito dos clientes para dentro da empresa. 

Acesso a novas fontes de receita

A possibilidade de fazer mais vendas não é o único benefício da bancarização empresarial. Ela também abre portas para novas fontes de receita.

Quando a empresa se apoia na infraestrutura de um banco tradicional, ela recebe apenas o valor correspondente ao preço dos produtos ou serviços vendidos. Enquanto isso, o valor dos juros das operações de venda a crédito ficam com o banco. 

É importante lembrar que os  juros são a remuneração pelo risco de crédito. Em outras palavras, eles são uma compensação financeira para quem “emprestou” dinheiro ao cliente, na forma de crédito, para que ele pudesse pagar a prazo.

A empresa que fica no controle das próprias operações de venda a crédito passa a assumir o risco. Portanto, ela também recebe o valor dos juros dessas operações, que se torna uma nova fonte de receita para o negócio.

Vale a pena lembrar que, embora o risco de crédito esteja sempre presente, já vimos que as empresas são capazes de fazer uma avaliação mais eficiente do que o próprio banco. Por isso, tomados todos os cuidados devidos, a posição de controle das operações de venda a crédito é mais favorável aos ganhos do que às perdas.

Desenvolvimento de estratégias de fidelização

A bancarização empresarial oferece uma base em cima da qual é possível desenvolver estratégias de fidelização mais ousadas. 

Por exemplo, algumas empresas oferecem contas bancárias aos clientes. As “carteiras digitais” para realização de pagamentos online – como a Ame Digital, da B2W, dona das Lojas Americanas e Submarino – são, na realidade, um tipo de conta bancária de pagamentos. 

A conta em si não é um atrativo, especialmente porque hoje existem muitas fintechs no mercado desenvolvendo esse mesmo serviço, de maneira mais especializada. No entanto, ela pode ser um instrumento para a estratégia de atração e retenção de clientes.

Quem abre a conta e usa nas suas transações com a empresa tem acesso a benefícios como cashback ou parcelamentos estendidos. Dessa maneira, é possível incentivar a realização de novas compras e fidelizar o cliente em longo prazo

Como será o futuro do crédito

A maneira como o mercado financeiro e os outros mercados estão se reorganizando indica que o futuro do crédito será cada vez mais descentralizado

Na realidade, a descentralização é uma tendência ampla nas atividades financeiras, não restrita apenas ao crédito. Uma excelente prova disso é a iniciativa de Open Banking do Banco Central

O Open Banking, também chamado de Sistema Financeiro Aberto, é uma iniciativa para a promoção do compartilhamento de informações financeiras entre instituições autorizadas, desde que esse compartilhamento seja aprovado pelo titular dos dados.  

Com isso, os clientes que utilizam produtos e serviços financeiros poderão receber mais ofertas e, ainda mais importante, ofertas melhores

O objetivo é incentivar a competitividade no mercado financeiro. Consequentemente, deve ajudar a promover a descentralização das atividades, já que a informação – um elemento crucial para as atividades desse setor – não ficará mais concentrada apenas nas mãos das grandes instituições tradicionais.

Seguindo essa tendência de descentralização, quem vai, de fato, conceder crédito no futuro é quem tem mais dados sobre o tomador. No caso das vendas a crédito, ninguém tem mais dados sobre o cliente do que o próprio fornecedor

Portanto, a bancarização empresarial deve se aprofundar ainda mais nos próximos anos. 

Enquanto isso, os bancos tradicionais não serão extintos, mas terão um novo papel. Eles serão os responsáveis por prover recursos para financiar as operações de vendas a crédito realizadas pelas empresas, conforme estas desenvolvam sua própria infraestrutura de instituição financeira.

Bancarização empresarial e CaaS – Crédito como Serviço

Você já sabe que a bancarização empresarial consiste no desenvolvimento de uma infraestrutura de instituição financeira própria dentro das empresas. Também sabe que essa tendência não se limita às grandes empresas. 

Isso levanta, naturalmente, uma questão: como empresas de menor porte podem atravessar o processo de bancarização empresarial?

Abrir um banco da empresa é uma das possibilidades. Porém, essa é a solução mais cara e, na maioria dos casos, ela é muito mais complexa do que o necessário. Para muitas empresas, seguir esse caminho é o mesmo que usar uma bazuca para matar um mosquito

A realidade é que uma empresa não precisa ser um banco para oferecer crédito aos seus clientes. E a maioria dos especialistas vai dizer isso. 

Muitos especialistas também indicam a abertura de uma SCD – Sociedade de Crédito Direto como alternativa. Ela pode ser mais acessível em comparação com um banco, mas ainda é uma solução de alto custo e complexidade e que traz para o empresário toda a responsabilidade de ser uma instituição regulada pelo Banco Central. 

O custo mínimo de abertura é de R$ 500 mil e é preciso atender inúmeras exigências regulatórias, como o envio de relatórios diários ao Bacen.

Então, qual é a solução ideal para as empresas que querem acompanhar a tendência de bancarização empresarial?

Se o objetivo é internalizar a organização das operações de venda a crédito, a solução mais eficiente é estabelecer uma parceria com fornecedores de CaaS – Credit as a Service.

Para explicar melhor o que isso significa, vamos começar com uma distinção. Você encontrará no mercado dois tipos de serviços parecidos, mas diferentes. 

  • BAAS, ou Banking as a Service, é o serviço que entrega uma infraestrutura de conta bancária para empresas. Assim, clientes, fornecedores, colaboradores e outras pessoas com acesso podem realizar depósitos, transferências, pagamentos via débito.
  • CAAS, ou Credit as a Service, é o serviço que entrega infraestrutura de crédito como serviço. Assim, a empresa assume o controle das operações de venda a crédito para seus clientes.

Credit as a Service, então, é a terceirização da infraestrutura de crédito da empresa. 

O parceiro de CaaS tem sua própria SCD. Então, ele vai abrir um veículo de securitização em nome de sua empresa e fazer a gestão dessa instituição. Juntas, a SCD do parceiro e o veículo de securitização da sua empresa possibilitam a realização de operações de venda a crédito para os seus clientes.

Veja como fica o processo financeiro por trás dessas operações:

  • Sua empresa realiza a análise de crédito do cliente e, se ele for aprovado, a venda a crédito é autorizada. Como exemplo, considere uma venda em que o preço dos produtos é R$ 100,00.
  • A SCD da empresa parceira de CaaS concede um financiamento ao cliente, com juros, para realizar a compra. Logo, é gerado um crédito comercial a favor da SCD. Vamos considerar que, somando o preço dos produtos e os juros, o crédito comercial seja de R$ 120,00.
  • O veículo de securitização aberto em nome da sua empresa compra o crédito comercial da SCD. Essa compra é feita por um valor maior do que o preço dos produtos e menor do que o total do crédito comercial. No nosso exemplo, a Securitizadora compra o crédito por R$ 101,00.
  • Quando o cliente faz o pagamento, esse capital vai para o seu veículo de securitização. Ou seja, sua empresa recebe os R$ 120,00. 
  • No final das contas, além da receita operacional de R$ 100,00 da venda dos produtos, sua empresa também gera R$ 19,00 de receita financeira pela operação de venda a crédito.

Também existe flexibilidade nessa solução, porque há diferentes formatos de veículo de securitização aceitos pela regulação financeira no Brasil. Dentre eles, dois formatos são mais utilizados.

O primeiro formato é a CSC – Companhia Securitizadora de Créditos. Esse é um formato mais acessível para empresas de menor porte. Sua constituição requer entre R$ 15 mil e R$ 25 mil. A manutenção anual requer um mínimo de R$ 65 mil. 

O segundo formato é o FIDC – Fundo de Investimento em Direitos Creditórios. Esse é um formato que garante ainda mais segurança jurídica à empresa, por ter a participação de três entidades reguladas pela CVM. Por esse motivo, sua constituição requer entre R$ 50 mil e R$ 120 mil. A manutenção anual requer um mínimo de R$ 330 mil. 

Em resumo, as empresas querem ser banco, mas nem todas precisam ser literalmente “banco” para participar da tendência de bancarização empresarial e alcançar seus objetivos. Além disso, embora a solução mais divulgada como alternativa a abrir um banco seja a SCD, ela também é uma infraestrutura de alta complexidade e alto custo que, na maioria das vezes, não é necessária.

Hoje, qualquer empresa consegue internalizar suas operações de venda a crédito, empregando capital próprio e utilizando os serviços de fintechs como a Giro.Tech.

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